domingo, 5 de julho de 2015

O merecimento nem sempre é o suficiente



Para os culés que já são adultos, ou estão bem próximos da idade adulta, acompanhar aquele Barcelona com Ronaldinho Gaúcho no auge foi uma realidade. Então, estes mesmos torcedores acompanharam a evolução de Lionel Messi no time principal, e tornar-se o melhor jogador do mundo foi uma simples questão de tempo para o camisa 10. Messi quebrou recordes, ganhou muitos títulos e encantou o mundo do futebol com a genialidade do seu pé canhoto. 

A idolatria para com o argentino transformou alguns nativos da Pátria Amada em verdadeiros hermanos. Ver Messi brilhando com a camisa azul e grená era muito comum, mas o problema sempre foi a sua inconstância com a Albiceleste, o craque nunca conseguia repetir as suas boas atuações com a camisa da Seleção. 

A Argentina de Abbondanzieri, Crespo, Sorín, Aimar, Riquelme deu lugar a promissora Argentina de Messi, Aguero, Dí Maria, Garay, Lavezzi, Zabaleta e Romero: bi campeã do Mundial Sub-20 (2005 e 2007) e Ouro nos Jogos Olímpicos em 2008 depois de passar facilmente pelo Brasil nas semifinais. Ali, em Pequim, Messi viveu o seu melhor momento com a Seleção e aquele foi o título mais expressivo dos hermanos nos últimos anos. A base dos garotos de ouro na China serviu para a Copa do Mundo na África do Sul, e comandados pelo ídolo Diego Maradona caíram nas quartas de final, assim como na Copa anterior, para a Alemanha. Messi, que já chegava para aquela Copa do Mundo como o melhor jogador do mundo e disputava os holofotes africanos com Kaká e Cristiano Ronaldo, despediu-se sem marcar ao menos um gol. 

Sempre esperou-se muito do melhor jogador do mundo. A torcida argentina sempre o cobrou títulos nas comparações com Maradona, já que Diego foi campeão do mundo. A Copa América em casa parecia ser a redenção para Messi, que ganhou a braçadeira de capitão. Mais uma vez ele e a Albiceleste decepcionaram os torcedores, e dentro de casa, caiu para o Uruguai nos pênaltis e abriu o caminho para os Charrúas conquistarem o seu décimo quinto título da Copa América. 

Nas Eliminatórias, a Argentina dominou e chegou como uma das grandes favoritas ao título da Copa do Mundo no Brasil. Messi estava em ótima forma, fez gols na Copa do Mundo, ajudou a sua Seleção quanto ao posicionamento em campo, atraindo a atenção de marcadores, principalmente. As qualidades e o merecimento jogavam ao lado do argentino, mas não foram suficientes para impedir o gol de Gotze no Maracanã. Messi, visivelmente abatido na premiação, ainda foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo... 

A geração de ouro da Argentina parecia ter tudo para dominar o continente, e a cobrança por títulos dos torcedores começa aí. Uma Argentina com todo o gás possível do mundo havia carimbado a faixa de campeão mundial da Alemanha com uma goleada, mas perdeu o título do Superclássico das Américas para uma fragilizada Seleção Brasileira pós-Copa do Mundo. E Messi merecia todos esses títulos, por tudo que já mostrou ao futebol. Merecia ter conquistado a última Copa América que foi disputada em casa, merecia ter conquistado a Copa do Mundo na casa do maior rival. Merecia ter conquistado esta Copa América quando a Argentina chegava como uma das grandes favoritas também. 

Mas, quantos outros jogadores também mereceram na história do futebol? Lendas da década não conseguiram levantar a bola de ouro, mas mereciam. Gerrard, Lampard, Beckham, Giggs, Iniesta, Xavi... Nomes que estão na história do futebol mundial. E o lendário Gianluigi Buffon? Merecia conquistar uma Uefa Champions League, certo? E claro, não podemos esquecer-nos de Johan Cruyff, que fez brilhar os olhos dos admiradores do futebol na década de 1970 com o famoso Carrossel Holandês, mas parou na Alemanha de Gerd Muller em 1974. 

O merecimento é valido, mas não é o suficiente. A Argentina pode ter outras chances, mas Messi pode ver-se perdido em meio a esse elenco que não corresponde às expectativas, a começar pelo atual treinador.
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