A firula, o encantamento, as dancinhas, o cabelo de moicano (e outros ainda mais extravagantes), a ousadia e alegria, os dribles impensáveis, as jogadas de pura elegância com a bola nos pés e os golaços fazem eles odiar o Neymar.
Eles quem?
Os adversários? Sim.
Os torcedores dos times adversários? Com certeza.
E os brasileiros? Também.
O garoto Neymar não tem o respeito do próprio país. E isso acontece em mais algum lugar? Por mais que tenha sido cobrado várias vezes por não apresentar o mesmo futebol com a camisa da Albiceleste que sempre apresentou com o clube espanhol, Messi é ovacionado pelos “hermanos” e quase os levou ao tricampeonato mundial na casa do adversário. Cristiano Ronaldo foi eleito o melhor jogador da história da seleção portuguesa. Iker Casillas, Puyol, Xavi, Iniesta, Fernando Torres são heróis de uma geração vencedora com a Espanha. Ibrahimovic é tratado como um Deus na Suécia. Então... Por que o Neymar? Por que ele fez parte de uma geração vitoriosa dos “meninos da vila” que levava alegria por onde passava e conquistou a América e o Brasil? E não conquistou o mundo porque parou no melhor time do mundo.
A graça, o jeito moleque e a magia com a bola nos pés que os torcedores brasileiros não viam desde o auge de Ronaldinho Gaúcho voltaram à tona com o Neymar. Queira ou não, ele fez sucesso. Seja pelos seus dribles, seus gols, suas dancinhas ou seu jeito peculiar de reagir as faltas dentro de campo. Ele se transformou em um famoso “cai-cai”, aos olhos do público. E é claro que os adversários se irritavam com isso, bastava tocar no garoto franzino que ele ia ao chão e implorava por uma falta. Quando viam o Neymar no chão, a torcida pensava que ele tinha se jogado e o xingava. Ora verdade, pelo seu aspecto físico, era difícil de “aguentar o tranco”. Ora falsidade, porque no futebol existe malandragem e o Neymar sabe disso melhor que qualquer um.
Neymar se tornou o líder de uma Seleção Brasileira ainda muito novo, com apenas 21 anos, quando foi eleito o melhor jogador da Copa das Confederações em solo brasileiro, ele já era o camisa 10! E então, veio a primeira temporada na Europa e as dúvidas. Neymar demorou a decolar em solo estrangeiro, principalmente pelo técnico Tata Martino utilizá-lo fora de sua posição de costume, ou porque ele não tinha tanta liberdade no Barcelona como ganhou na Seleção Brasileira. A temporada acabou e então veio a Copa do Mundo na casa dele. E veio a joelhada do colombiano Zuñiga e acabou com o sonho do jovem Neymar, com então 22 anos, de vencer a Copa do Mundo jogando em casa. A maioria dos torcedores brasileiros choraram pela falta do Neymar, diante do vexame para a Alemanha nas semifinais. E então, por que não falar da disputa contra a forte Seleção do Chile que foi disputada nos pênalits e a cobrança decisiva ficou nos pés do camisa 10? Uns torciam, rezavam, cruzavam os dedos para que Neymar acertasse a cobrança. Outros gritavam “Vai perder”...
Por que tanto ódio?
E mais uma temporada na Europa veio. Neymar finalmente decolou. A sua dupla com Messi se tornou letal. A chegada de Luis Suárez chegou para dar mais força ao ataque catalão. Neymar superou em uma temporada e meia o que Robinho fez com a camisa do Real Madrid em três temporadas. Foi o primeiro jogador do Barcelona a marcar contra o Atlético de Madrid em todas as competições que disputou: Supercopa da Espanha (seu gol deu título ao Barcelona), Campeonato Espanhol, Uefa Champions League e Copa do Rei.
Ah, o Atlético de Madrid...
O vice-campeão europeu perdeu a cabeça diante de um menino de 22 anos! Só pensava em faltas e mais faltas, era a única maneira de parar o imparável Neymar naquela partida. A torcida “colchonera” pedia para que ARRANCASSEM as pernas do brasileiro, enquanto ele continuava a dar o seu espétaculo, até que fosse sacado pelo técnico para evitar problemas maiores. Neymar se tornou em um carrasco para o Atlético de Madrid em tão pouco tempo.
Enquanto os europeus continuarem a bater no Neymar, ele continuará caindo e os xingamentos de “piscinero” virão à tona. Mas, ele vai se jogar? Creio que não. Ele pode até exagerar na maneira como cai. Ele é fácil de ser empurrado e jogado ao chão, Neymar é magro. Mas ao mesmo tempo, ele não teme o contato, vai para cima da marcação e quando consegue, passa rápido, feito um raio. Ele não se importa com as faltas, ele quer continuar e se divertir com o jogo. É nisso que ele e Messi se assemelham. A maneira como ele dribla é essencialmente brasileira, como fomos acostumados (e iluminados) ao vermos Ronaldinho Gaúcho. Ele toca a bola, usa de movimentos velozes e precisos, e isso deixa os seus marcadores com os nervos nas alturas.
Mas, aí vai uma pergunta: A ira dos defensores é problema do Neymar?
A resposta dos marcadores é automática: eles o chutam e o derrubam. Só que, duas coisas acontecem com o jogador brasileiro nessa ocasião, principalmente com o Neymar. Quanto mais ele é chutado, derrubado, mais ele vai driblar. E os marcadores vão chutá-lo mais forte e causar mais dor, e mesmo assim ele vai tentar sair dali e seguir com o seu futebol. Quanto mais irritado estiver o marcador, mais ele vai tentar o drible, isso é indescutível. E quando eles não conseguirem tirar a bola do Neymar... Eles vão partir para as ofensas verbais. Vão xingá-lo, vão tentar desestabilizar o seu psicológico. E o que ele vai fazer? Ele vai revidar. Seja dentro de campo ou com as mesmas provocações: os beijinhos para os adversários que ficaram famosos durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo.
Ele não vai se calar.
Chutes e ameaças não vão funcionar. Neymar vai seguir imparável do mesmo jeito que aconteceu contra o Atlético de Madrid no Vicente Calderón. E quanto mais os zagueiros tentarem, mais vezes ele vai dribá-los e acabar com eles dentro de campo. Hoje, ele completa 23 anos e já é uma das maiores estrelas de um dos maiores clubes do mundo. Carrega a sua Seleção nas costas tão novo, sendo o camisa 10 e o capitão. Você pode odiar o Neymar, ou simplesmente não gostar do seu futebol alegre e cheio de firula, mas existe uma coisa que serve para qualquer jogador no futebol, e para qualquer esporte, uma coisa chamada “respeito”, como ele mesmo citou.
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