sábado, 23 de agosto de 2014

O Franquismo

É certo que grande parte dos torcedores brasileiros do Barcelona sabem que a fama das "10 Liga dos Campeões" do Real Madrid liga a outro nome na história do clube e da Espanha: Francisco Franco.

A Europa viveu um momento de tensão nos anos pré-Segunda Guerra Mundial, onde algumas "políticas" foram instaladas em alguns países. Os mais conhecidos são: o Nazismo (por Hitler, na Alemanha), o Fascismo (por Mussolini, na Itália) e o Franquismo (por Francisco Franco, na Espanha).

Franciso Franco, torcedor do Real Madrid, no ano de 1936 era um membro do exército espanhol e junto com outros membros, como: José Sanjuro, Gonzalo Queipo e Emilia Mola (se também eram torcedores do Real Madrid, eu não sei) lideraram uma tentativa de golpe para tomar o poder na Espanha.  A tentativa de golpe foi impedida por milícias de trabalhores que rejeitavam a ideia de uma ditadura em território espanhol e isso gerou uma Guerra Civil, que durou três anos. A Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler apoiaram os fascistas do exército espanhol. Após 3 anos de guerra, os rebeldes tomaram a cidade de Madri e restabeleceram a Monarquia. Com a Monarquia reestabelecida, e a Espanha apoiada por Alemanha e Itália, o governo fascistas foi implementado e liderado por Francisco Franco.

A ditadura na Espanha chegou ao fim no ano de 1976, com a morte de Francisco Franco.

AS CONSEQUÊNCIAS DA DITADURA PARA O FUTEBOL CATALÃO:

O FC Barcelona, um clube que representava o nacionalismo da Catalunha, foi intensamente oprimido pelo franquismo por combater abertamente a repressão política do General Francisco Franco.

Em 1936, em um dos anos da Guerra Civil Espanhola, Josep Suñol i Garriga, então presidente do Barcelona, foi fuzilado pelos militares de Franco, ao descobrir que ele havia ido para a cidade de Valência para tratar de questões políticas e não do seu clube. O FC Barcelona ficou numa situação desconfortável, ao ter o seu líder vísivel morto e sua SEDE destruída por bombadeiros aéreos.

Até o ano de 1953, alguns anos após a ditadura ser instalada na Espanha, o futebol era dominado, principalmente pelo Barcelona e pelo Athletic Bilbao.

Títulos da Liga Espanhola até 1953:
Barcelona - 6
Athletic Bilbao - 5
Atlético de Madrid - 4
Valencia - 3
Real Madrid - 2

Foi aí que começou o domínio dos "blancos" na Espanha, e, consequentemente, na Europa.

No mesmo ano de 1953, o Barcelona sofreu mais uma consequência do franquismo. O maior furto entre clubes na história do futebol: a contratação do jogador argentino Alfredo Di Stéfano.

Alfredo Di Stéfano - FC Barcelona


O Barcelona chegou a um acordo com o River Plate (que possuía os direitos do jogador) e Di Stéfano foi para Barcelona, onde chegou a jogar 5 amistosos. O Real Madrid percebeu que Di Stéfano se tratava de um ótimo jogador e resolveu entrar na disputa por ele. O Barcelona tinha a aprovação da FIFA por conter os direitos reais do argentino, e o Real Madrid tinha a aprovação da Federação Espanhola que sob pressão dos órgãos do ESTADO ESPANHOL* e do Real Madrid teve que apoiar o clube da capital.

*E quem comandava o Estado Espanhol com uma ditadura? O General Francisco Franco, torcedor do Real Madrid.

Depois de 3 meses de disputa pelos dois clubes para quem ficaria com o jogador argentino, o Barcelona resolveu vendê-lo ao Juventus. Porém, o Real Madrid, não aceitou a proposta e fez com que os dirigentes mudassem a sentença forçando-os a tomar outra decisão, na qual permitiria que Di Stéfano jogasse pelo Real Madrid nas temporadas 1953/54 e 1955/56, e pelo Barcelona nas temporadas 1954/55 e 1956/57. O atual presidente do Barcelona naquela época, Enric Martí, assinou o acordo. Depois de um tempo, o Barcelona mostrou-se insatisfeito com a proposta e deixou o caminho livre para que Di Stéfano fosse jogador no Real Madrid. A polêmica contratação do argentino foi totalmente financiada pelo General Franco, que resolveu fortalecer o clube da capital espanhola, já que as "comunidades rebeldes" da Espanha, também possuíam um bom time de futebol: FC Barcelona (Catalunha) e Athletic Bilbao (País Basco). 


Durante o período franquista, o Barcelona também sofreu em alguns clássicos contra o Real Madrid, pois Franco influenciava a arbitragem que favorecia o time da capital. E durante este período, o General ordenou que toda a Catalunha estava proibida de praticar o nacionalismo catalão, inclusive de usar o idioma catalão em lugares públicos, para que prevalecesse o idioma espanhol. Porém, o Barcelona por ser uma instituição privada e não pertencente ao governo/estado, teve a aprovação do General para que o território do Camp Nou fosse usado como o único lugar da Catalunha em que poderiam se manifestar, pronunciar o idioma catalão e expor bandeiras da Catalunha.

Todo esse favorecimento do estado espanhol ao Real Madrid, não é de surpreender. Primeiro que Francisco Franco era um torcedor do Real Madrid e que Santiago Bernabéu (presidente do Real Madrid na época) lutou ao lado de Francisco Franco na Guerra Civil e o apoiou fervorosamente. 

Em 1943, Real Madrid e Barcelona se enfrentaram pela partida de volta da semifinal da Copa Generalíssimo (atual Copa do Rei). A tropa de Franciso Franco entrou no vestiário do Barcelona e lhes foi lembrado que eles estavam jogando porque a ditadura era "generosa" com eles. É relatado que o árbitro e os jogadores do Barcelona haviam sido ameaçados de morte e deram a vitória ao Real Madrid de propósito, depois que o Barcelona havia vencido a partida de ida na Catalunha por 3-0. A partida terminou Real Madrid 11-1 Barcelona. 

PS: Essa partida que o Real Madrid venceu por 11-1 não é considerada pela FIFA, justamente por este acontecimento vergonhoso.

Na época, o futebol servia como uma ferramenta de forte influência política, e isso explica o favorecimento franquista ao Real Madrid. O clube foi usado como uma forma de "marketing" para o governo, que influenciou investindo em contratações e em criações de torneios, como a Copa dos Campeões (atual Liga dos Campeões), para que a imagem do clube fosse usada para conseguir apoiadores/admiradores do governo ditador espanhol.

Foi durante o período da ditadura de Franciso Franco (1939-1976) que o Real Madrid conseguiu os seus títulos mais importantes.

Foi campeão da Liga dos Campeões em seis oportunidades: 1955-56, 1956-57, 1957-58, 1958-59, 1959-60, 1965-66.
E campeão da Liga Espanhola 15 vezes: 1953-54, 1954-55, 1956-57, 1957-58, 1960-61, 1961-62, 1962-63, 1963-64, 1964-65, 1966-67, 1967-68, 1968-69, 1971-72, 1974-75, 1975-76.

O mais curioso, e engraçado, de toda essa rivalidade entre catalães (Barcelona) e espanhóis (Real Madrid), é que o Barcelona foi fundado por um suíço, e o Real Madrid por irmãos catalães.

Então, toda vez que seu amigo merengue jogar na cara que o time dele tem 10 Liga dos Campeões, lembre a ele que 6 delas pertencem a Francisco Franco.


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5 comentários:

  1. Se seis ligas são dele, então as outras seis são do Real Madrid C.F. Sexta computada agora contra a Juve. Camisa pesa mais . E ponto . A bola contínua rolando...

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  2. Como eu tenho nojo desse clube do Real Madrid.Na Europa eu torço pro Milan mas o Barcelona é um clube formidável não apenas pelo futebol que praticam mas pelos valores que transmitem..

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  3. A história do Madrid é totalmente nojenta!

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  4. Kkkkk. Agora fala do financiamento e construção do Camp Nou e da contratação do Kubala, tudo com ajuda do Franco.
    Franco nem de futebol gostava,e outra torcedor do Madrid? Faça me o favor, se houve um time que ele poderia ter torcido era o Atlético aviacion, hj Atlético de Madrid que era os times dos militares.
    Chora mais

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  5. Odeio esse Real Madrid , time baixo , hoje é fácil dizer ,ha fomos o time do século passado , temos o maior número de títulos espanhóis e liga dos campeões , e muitos adoram dizer isso ,só esquecem de dizer do passado podre desse clube nojento !

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